FinOps é a prática de gestão de gastos variáveis da nuvem de forma responsável e eficiente.
Na sua essência, FinOps é uma prática cultural. É a maneira como as equipes gerenciam seus custos de nuvem aliando otimização, time to market e qualidade.
Em outras palavras, FinOps é um modelo de operação na nuvem em uma combinação de sistemas, boas práticas e cultura organizacional para aumentar a habilidade das empresas de entender seus custos na nuvem e fazer escolhas melhores.
Isso tudo é alcançado através da formação de equipes multifuncionais em TI, Finanças, Produto, Desenvolvimento, entre outras competências. Essas equipes trabalham juntas aplicando as melhores práticas para permitir uma entrega mais rápida do produto e, ao mesmo tempo, obter mais controle financeiro e previsibilidade.
FinOps não é somente sobre economizar dinheiro. Uma cultura madura pode proporcionar crescimento da base de clientes, mais velocidade de lançamento de produtos e funcionalidades. Ou seja, esse processo também é sobre aumento de receita. Diferente do gerenciamento de custos tradicionais, as empresas sabem o quanto estão gastando e onde estão os gastos em diversos níveis e óticas, seja por projetos, funcionalidade, cliente ou unidade de negócios. Com isso é possível ser mais seguro e assertivo nas tomadas de decisão.
Em 2019 uma pesquisa realizada pela instituição 451 Research e divulgada no Cloud Economic Summit avaliou empresas em relação à maturidade do processo de aquisição. O relatório ouviu 300 líderes de finanças e TI concluindo que a maioria das empresas não possuíam um processo formal de aquisição e controle dos custos variáveis proporcionados pela nuvem.
Muitas empresas já enfrentaram impacto negativo nos negócios devido ao gerenciamento de custos deficiente. Destaco alguns:
Lentidão na adoção da nuvem por não ter um processo eficiente para gerenciar como os recursos da nuvem são consumidos e orçados.
Impacto direto na inovação dado que a nuvem proporciona agilidade na adoção das tecnologias.
A má utilização da nuvem sobrecarrega a operação degradando o SLA.
Recursos ociosos ou mal dimensionados geram altos custos impactando diretamente na competitividade da empresa.
Além disso, algumas organizações acreditam, de forma equivocada, que um controle mais rígido do consumo de nuvem pode atrapalhar a inovação.
Ainda sobre a pesquisa, que foi realizada nos EUA e Reino Unido, 51% dos entrevistados da área financeira das empresas admitiram gastos excessivos, enquanto 37% dos executivos de TI acreditam que estão operando no vermelho. Além disso, 68% dos CFOs entrevistados afirmaram que são alertados sobre gastos excessivos somente depois que o evento ocorreu, enquanto 80% dos CTOs são alertados antes da ocorrência do evento. Esses dados nos informam que há uma clara desconexão entre as áreas de TI e Finanças das organizações. Por fim, 82% dos entrevistados informaram que ou dependem de fornecedores, planilhas e processos manuais para acompanhamento dos custos ou simplesmente não possuem visibilidade.
Esses dados mostram que é preciso um novo modelo operacional que execute as melhores práticas o quanto antes, criando a cultura do FinOps, para que as organizações mantenham-se competitivas, uma vez que a fatia de gastos com nuvem vem se tornando cada vez maior no orçamento de TI.
A jornada FinOps pode ser conceituada em 3 fases integradas : Informação, Otimização e Operação. Uma empresa pode estar em várias fases ao mesmo tempo dependendo do projeto ou unidade de negócios.
Informação
Nesta primeira fase da jornada FinOps é onde temos visibilidade dos custos alocados. Através de ferramentas especializadas, compara-se o custo com orçamentos previstos e estimativas de mercado. Como a nuvem proporciona elasticidade e gastos sob demanda, é preciso monitorar diariamente o seu uso para tomadas de decisões inteligentes. Quanto mais precisa for a alocação dos gastos na nuvem com uso de tags, separação de contas/projetos e mapeamentos de funcionalidades, melhor será o controle e os relatórios financeiros gerenciais irão ajudar no rumo dos negócios. Nesta fase, alarmes automáticos são aplicados para aumentar o nível de automação.
Otimização
Dado que as equipes estão instrumentalizadas com ferramentas de medição e capacitadas através de treinamento especializado, é preciso otimizar o uso da nuvem. Os provedores de nuvem, principalmente os principais do mercado, oferecem diversas formas de otimização, desde comprometimento antecipado para reduzir o custo unitário até técnicas de rightsizing para evitar recursos ociosos.
Operação
Uma vez que a equipe possua ferramentas, capacitação e adote técnicas de processo de otimização, é preciso acompanhar continuamente se os objetivos do negócio estão sendo alcançados. Métricas de rastreabilidade e curvas de tendência são usadas nessa fase para medir velocidade, qualidade e custo de forma contínua contribuindo para a evolução do produto, projeto ou serviço. Assim, o ciclo FinOps se fecha e retornamos à fase da visibilidade (Informação).
Por fim, podemos concluir que, como toda cultura, FinOps deve ser adotado por todos na empresa, desde gerentes de negócios até todo o time técnico, passando pela área financeira. Dessa forma, todos passam a ter ciência dos ganhos e o controle dos custos em níveis detalhados.
FinOps não é um one-day job. É um processo contínuo de otimização e melhoria.
A Mobicare e Akross começaram a cultura FinOps em 2018 por iniciativa da equipe de Engenharia Cloud e Operações. Hoje toda a empresa está mobilizada em torno do tema sabendo da sua importância para a saúde dos projetos.
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